terça-feira, 6 de abril de 2010

E o RJ continua lindo...

Quer você queira ou não – ou até mesmo São Pedro –, o Rio de Janeiro continuará lindo até que o mundo se acabe de vez. O pontapé foi dado, e quem se importa? Eu não.
Não conseguiram estragar com as belezas do Rio de Janeiro por mais de quinhentos anos, então presumo que não será agora.

“Eu queria um barquinho, doutor
Poder navegar pelo rio
Alcançar o peixe suculento
Sem me preocupar se volto ou não”

Há poucos anos atrás eu tinha um orgulho imenso de ser carioca. E tinha nojo de ser brasileiro. Conforme as águas passaram pelo Rio, desisti de pensar dessa forma. Eu tinha orgulho de ser carioca por causa da poética. A poética do Rio de Janeiro está nos bares, mas hoje não dá pra ir. Motivo? Estão todos fechados por causa da chuva.
Sem querer me preocupar demais com questões ideológicas, ressalto imediatamente que o Brasil é subestimado. Mal tratado, mal interpretado, mal freqüentado. Minha obrigação é amá-lo. Nunca a frase ditatorial “Ame-o ou deixe-o” fez sentido pra mim. Hoje ela se apresenta mais clara do que qualquer frase já dita na história desta colônia. Hoje a ditadura se apresenta menos inoportuna pra mim. Não que eu tenha vivido à época, mas houve uma tentativa de vanguarda ali que deve ser respeitada.
O Rio de Janeiro não decepciona quem vem ver, mas impressiona quem tenta amar as coisas que um dia já foram exaltadas por poetas medianos. Não sei por quê, mas tenho a impressão que seria um poeta boêmio mediano se tivesse nascido na década de 30. E vangloriaria o Rio até morrer. Era fácil ser um poeta mediano. Passar o dia inteiro no bar bebendo uísque e cerveja à vontade. Depois, bastava enaltecer aquela gostosa que passava pela rua, ou o pôr-do-sol diário, claro, em palavras bonitas e de efeito. Moleza.
Eduardo Paes, Sergio Cabral e eu. Um trio parada dura. Tentamos a todo o custo malhar o Rio como podemos. Mas às vezes não conseguimos suficientemente. É preciso olhar pra dentro da Lagoa Rodrigo de Freitas para espiar a lógica da nossa cidade. Lama, lama, lama. Como uma invenção do século XV, a segurança dos atos é inapropriada até para mim, que sou um relesmundo. Mas eu gostaria, um dia, de me afogar na Lagoa Rodrigo de Freitas. Queria me afogar de tanto nadar. Depois aparecer no jornal pálido e com frio dizendo: “amanhã eu estou aqui de novo, esse calor não dá!”.

“Tinha chuva,
Choveu
Nessa hora
A cidade desapareceu”

2 comentários:

  1. Oi, Rodrigo, poeta mediano para vc é, par exemple, Vinícius de Morais?

    Abs do Lúcio jr.

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  2. Companheiro Lucio Jr., acho que você entendeu perfeitamente o conceito de poeta mediano. E Vinícius foi a personificação do poeta mediano.

    Volte mais vezes, vire seguidor!

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