domingo, 25 de abril de 2010

Personificação de fuder o dia no cú

Tudo aqui basear-se-á numa estória nojenta, porca, imunda.

Meu guru ideológico, 'FGM', chegou ao bar, num dia normal de bar, contando a seguinte estória: "Estava na rua quando um cara me parou. Ele estava desesperado, nitidamente. Ele me pediu carona para levar sua mulher até o hospital mais próximo, pois o neném deles estava para nascer. Eu disse que não teria como levá-los, então ele me pediu dinheiro. Eu dei 10 reais, pois aquele cara estava sendo verdadeiro. Ou, na pior das hipóteses, ele é um belo ator, então ele mereceu o dinheiro, mesmo se fosse mentira." Semana que passa, 'FGM' me manda um tweet explicando que seu pai fora abordado pelo mesmo cara com o mesmo golpe. Mal estar geral. Momento descrença abate a mim e a 'FGM'.

Aquilo fudeu o nosso dia no cú. Entrou fundo, sem areia. Foi a personificação dos maus tratos que não desejamos passar. Nós, apesar de cremos que não muitas vezes, temos moral. A gente luta todos os dias contra isso. Acordamos e dormimos pensando nisso. Só que o atorzinho de quinta não compra nem KY pra tentar amortecer a queda, acalmar nossos nervos, amaciar a vassourada que ele mete no cú do nosso dia e, por que não, da nossa semana toda. O cara não teve a consideração de fuder o cú do dia de alguém em outro bairro, outra rua. Os dois foram abordados praticamente no mesmo lugar. Ele não se interessa se a máscara cai. E ele vai insistir mais vezes, pois a moral não significa pra ele o que significa para mim e para 'FGM'.

Eu até gostaria de entrar no mérito se o que ele faz é culpa dele ou não, mas soaria muito modernista pra mim. Fuck you, atorzinho.

Acho que a literatura fode menos o dia no cú do que esse fato. O atorzinho não deixa que ninguém o compare com os outros. Ele quer fuder o meu dia no cú mais do que qualquer um ou qualquer coisa.

Fiquei pensando em pessoas essa semana. Pensei muito em McCartney, Harrison e Lennon. E também pensei como o dia de algum deles poderia ser fudido no cú.

O de McCartney: dia de gravações do Sgt. Pepper's. Paul liga para John e pergunta: "Cadê você, cara? Todo mundo tá aqui já. E você?" E John responde: "Vai ser foda de ir, cara. Tô morgadão aqui na cama. Bateu um desânimo fudido. Não aguento mais a Chyntia, minha vida, minha fama, enfim, não aguento mais nada. Amanhã eu gravo, relaxa." Paul finaliza: "Obrigado, John. Você acaba de fuder o meu dia no cú. Obrigado mesmo."

O de Lennon: Paul tenta impor liderança. Paul tenta controlar tudo. Paul caga para George e para John. "Um não quer porra nenhuma, só reclamar; o outro não é Lennon/McCartney, infelizmente para ele, claro". John chega no estúdio para gravar e se depara com Paul falando alto, indo de um lado para o outro, gritando com os engenheiros, querendo produzir junto com Martin. Quando Paul entra no estúdio para gravar algum take, John pega o microfone e fala para Paul: "Obrigado, hein, cara. Você acaba de fuder o meu dia no cú. Sem lumbrificante." E vai embora.

O de Harrison: Sempre que ele tenta dar uma opinião, Paul e John se entreolham. Isso fode muito o dia dele no cú. Fode sem noção mesmo. Sem escrúpulos. Pensa: "Happiness is a warm gun."


4 comentários:

  1. Não gostei do post q vc escreveu no Amor. Por isso não comentei. Mas adorei esse. Vejo-o como uma espécie de homenagem. Então, obrigado. Isso,sem dúvida, fudeu a minha semana no cú. Eu ainda fico meu mal por isso até hj. Eu até tentei escrever sobre isso, mas eu não consegui. Gostei de vc ter escrito. Esse tipo de coisa faz com as pessoas fiquem mais carrancudas.

    Vc disse: "Acho que a literatura fode menos o dia no cú do que esse fato".

    Claro. Com certeza.

    Mas e aí, quando começamos o ensaio da nossa cena?

    ResponderExcluir
  2. Perfeito. Você entendeu a mensagem do texto perfeitamente.

    A homenagem a você, meu guru ideológico (belo termo), é singela no texto, é secundária. Você sabe que outras, possivelmente melhores e mais inspiradas, virão. Essa homenagem foi ao nosso caráter, à nossa moral. Não propriamente a você e como você me fez enxergar que minha evolução humana - e consequentemente artística nesse caso - estava esperando por mim, por alguma atitude minha. E eu tomo essa atitude todos os dias. E agradeço a você.

    Não faço força, mas só de significar algo bastante relevante artisticamente para você é um elogio sem precedentes. Thanks, Mór.

    Nós temos moral. Temos mesmo. Só que tem gente que não aguenta isso e tenta botar a nossa própria pica no nosso próprio rabo. E tenta fuder nosso dia no cú, consequentemente. Às vezes conseguem, né...

    ResponderExcluir
  3. O ensaio da cena vai começar assim que tivermos uma conversa importante. Alguns pontos a serem levados em conta. Propus uma cerveja na quinta pelo twitter. Veja lá.

    Abs

    ResponderExcluir